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07 junho 2017

DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

A Resolução 307 do CONAMA

É de extrema importância que sejam implantadas ações para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, preocupado com o aumento da disposição de resíduos da construção em locais inadequados, publicou em 5 de julho de 2002 uma Resolução que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, além de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais: a Resolução n°307.

DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
DIRETRIZES PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

Esta Resolução, que entrou em vigor em 02 de janeiro de 2003, define como resíduos da construção civil aqueles oriundos de atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos.


RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:  tijolos, blocos, cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

CLASSE DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
CLASSE DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Na Resolução 307 são encontradas várias definições de termos relacionados à gestão de resíduos da construção, além de estabelecer uma classificação para estes resíduos, a saber:


DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS

Resíduos Classe A: Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Resíduos Classe B: Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.

Resíduos Classe C:  Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

• Resíduos Classe D: Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. No caso particular dos resíduos Classe D, a Resolução 307 foi complementada pela Resolução 348 (2004), que inclui nesta Classe os resíduos nocivos à saúde, com especial destaque aos produtos que contém amianto.

De acordo com esta Resolução A 307 DO CONAMA, os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

3R'S
3R'S

A elaboração e implantação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) pelos geradores é uma outra exigência da Resolução 307. Estes projetos deverão ser elaborados pelos grandes geradores  para cada novo empreendimento e encaminhado para análise do órgão municipal competente. Para os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental, o PGRCC deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental.

O projeto tem como objetivo o estabelecimento dos procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos, e contemplar as seguintes etapas:

• caracterização - nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;

• triagem - deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos;

• acondicionamento - o gerador deverá garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

• transporte - deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; e

• destinação - deverá ser prevista de acordo com a classificação de cada resíduo, como será visto na sequência deste trabalho.

Já para os municípios e para o Distrito Federal, esta Resolução determina que seja implementada a gestão dos resíduos da construção civil através da elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Este plano deve conter:

• as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores;

• o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

• o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos;

• a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

• o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;

• a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

• as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;

• as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.
Fonte do texto:fieb.org.br/Adm/Conteudo/uploads/Livro-Gestão-de-Resíduos

02 junho 2017

PERDAS, DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DENTRO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Classificação das Perdas

Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas no movimento;
• perdas por espera;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos;
• perdas no processamento em si;
• perdas por substituição; e
• outras perdas.

Perdas por Superprodução

As perdas por superprodução estão relacionadas com a produção de componentes ou processamento de materiais perecíveis, em quantidades superiores às necessárias (quantitativa) ou antecipadamente (fazendo antes que seja necessário), possibilitando a ocorrência de perdas de materiais, mão-de-obra e equipamentos.

Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar a produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho (quantitativa) ou a confecção de armaduras em quantidades superiores a necessária gerando problemas com relação à necessidade de armazenamento além de correr o risco desta ser danificada.

Perdas por Manutenção de Estoques

As perdas por manutenção de estoques resultam da existência de estoques elevados de materiais, produtos em processo ou produtos inacabados, que podem ser originados por erros de planejamento ou programação, gerando possíveis perdas de mão-de-obra e equipamentos.

Para Costa (1999), estoques em elevadas quantidades podem gerar perdas diretas e indiretas de materiais, pois normalmente estes são depositados sem os cuidados necessários, ficando muitas vezes expostos a intempéries, roubos, danos físicos e até mesmo, obsolescência, para o caso de materiais que possuem maior tecnologia agregada. Segundo este mesmo autor “a manutenção de estoques nos canteiros se justifica, de uma forma geral, pelo fato de que os gerentes sentem-se mais seguros quando podem contar com grandes quantidades de materiais armazenados, garantindo assim a continuidade da produção (evitar paradas), o que torna evidente os problemas gerenciais que existem em muitas empresas desse setor, tais como a falta de planejamento, erros em orçamentos ou programação inadequada de entrega dos materiais no canteiro”. Para ele ainda existe um outro ponto negativo associado à manutenção de grandes estoques: a indução dos trabalhadores ao desperdício. Isso porque os funcionários tendem a reduzir seu cuidado com os materiais, pois sabem que estes estão disponíveis em grande quantidade no canteiro.

Perdas por Manutenção de Estoques
Exemplo de Perda por Manutenção de Estoque
Perdas por Transporte

Este tipo de perda está relacionado a todas as atividades de movimentação de materiais que geram custos e não adicionam valor, e que, além disso, podem ser eliminadas em um curto prazo de tempo (MEIRA et al, 1998).

Para que se consiga aumentar a eficiência da produção, as empresas construtoras devem evitar o transporte, ao invés de simplesmente mecanizá-lo. Assim sendo, melhorias podem ser conseguidas através: do aprimoramento do layout dos canteiros, da manutenção da limpeza nos canteiros, melhoramento na programação dos serviços, maior precisão no sistema de informações, etc.

Cabe salientar que, além do tempo que é gasto no transporte em si, ainda existe o tempo e o esforço empregado no carregamento e na descarga dos materiais, muitas vezes superior ao gasto com a atividade de transportar.

Este tipo de perda pode estar diretamente associado à gestão de resíduos. Um transporte inadequado aumenta bastante a quantidade de resíduos gerados. Como exemplo pode-se citar a excessiva quebra de blocos cerâmicos por serem transportados de forma inadequada.



Perdas por Transporte
Blocos Cerâmicos Transportados de Forma Inadequada Favorecendo Quebra.

Perdas no Movimento

As perdas no movimento estão relacionadas a todos os esforços e movimentos realizados pelos trabalhadores desnecessariamente durante a execução de operações, interferindo negativamente na produtividade.

Para Costa (1999), nos canteiros de obra estas perdas são originadas por diversos fatores, a saber:

• falta de organização dos postos de trabalho;

• falta de método de trabalho;

• falta de arranjo no layout do canteiro;

• inexistência de equipamentos para efetuar as tarefas ou emprego de equipamentos inadequados; e

• outras condições insatisfatórias de trabalho, relacionadas principalmente aos esforços e às necessidades dos operários (ergonomia, necessidades fisiológicas, descanso e segurança).

Perdas por Espera

As perdas por espera estão associadas aos períodos de tempo nos quais os trabalhadores e os equipamentos não estão sendo usados produtivamente, agregando valor, embora seus custos continuem sendo despendidos.

De acordo com Costa (1999) as perdas por espera são provenientes da falta de planejamento da produção, que ocasiona problemas de sincronismo entre as diversas atividades realizadas por diferentes trabalhadores ou entre as atividades dos trabalhadores e o fluxo de materiais. Além disso, um outro fator que pode ocasionar perdas por espera é o desbalanceamento entre a quantidade de trabalhadores e a capacidade de operação dos equipamentos disponíveis no canteiro.

Um exemplo deste tipo de perda pode ser a interrupção de um serviço por falta de material para a execução de uma determinada atividade (perda por espera de mão-de-obra) ou mesmo uma betoneira parada por falta de cimento (perda por espera do equipamento e também de mão-de-obra, se esta não for alocada para a execução de uma outra atividade).

Perdas por Fabricação de Produtos Defeituosos

Estas perdas ocorrem quando são fabricados produtos que não estão de acordo com os requisitos de qualidade especificados em projeto.

De acordo com Costa (1999), na construção civil estas perdas estão associadas normalmente a uma inspeção deficiente do processo, à falta de especificações ou de detalhamento na documentação (projetos, manuais de procedimentos), à utilização de materiais defeituosos ou de qualidade inferior, à falta de capacitação dos operários, além de outras.

Entre as principais consequências de se produzir com defeito, destacam-se: a redução do desempenho do produto final e os retrabalhos, ainda muito frequentes no setor da construção civil. Estes, além de gerarem perda física dos materiais utilizados, ainda causam: perdas no transporte, perdas no processamento (trabalho adicionado) e perda das inspeções que foram necessárias quando o produto estava sendo executado pela primeira vez.


Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).
Exemplo de Perda por Retrabalho (quebra de alvenaria por alteração no projeto).
Perdas no Processamento em Si

Para Meira et al (1998) estas perdas “originam-se na natureza das atividades do processo ou na execução inadequada dos mesmos, decorrentes da falta de procedimentos padronizados e ineficiências nos métodos de trabalho, da falta de treinamento dos operários ou defi ciências no detalhamento e construtividade dos projetos”.

Ou seja, são oriundas da realização de atividades de processamento desnecessárias, ou realização das atividades necessárias de maneira inadequada.

De acordo com Costa (1999) “as perdas no processamento em si estão relacionadas com as características básicas de qualidade do produto e, de uma forma geral, associam-se ao patamar tecnológico ou à técnica construtiva adotada pela empresa”.

Como exemplo pode-se citar: quebra manual de blocos devido à falta de blocos em tamanhos diferenciados para locais onde não é viável a colocação de blocos inteiros e recortes nas pedras cerâmicas para ajustes às áreas a serem revestidas.


Perdas no Processamento em Si
Perda no Processamento (sobra de cerâmica após execução de recortes para arremates).

Perdas no Processamento em Si
Perda Incorporada de Materiais Causada pela Espessura Excessiva de Revestimento Devido a uma Má Especificação de Projeto.
Perdas por Substituição

Consistem na utilização de materiais com características de desempenho superiores ao especificado em projeto, no emprego de mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais simples poderiam ser utilizados.

São exemplos de perda por substituição: oficiais (pedreiros, carpinteiros, etc.) transportando materiais ou limpando o canteiro de obras, tarefas que de modo geral são realizadas por serventes; substituição do acabamento em pintura especificado em projeto por acabamento em pastilha cerâmica, entre outros.

Outras Perdas

Nesta categoria de perdas estão inclusas todas as perdas de natureza diferentes das descritas nas categorias anteriores, mas que causam prejuízos para as empresas. Neste tipo de perdas relacionam-se: roubos, vandalismos, acidentes, condições climáticas adversas, entre outras.

Cabe esclarecer que estes tipos de perda afetam cada obra de maneira diferente, uma vez que podem variar devido a alguns fatores, como o local (bairro, cidade ou país), onde a edificação está sendo construída, a situação econômica do país, os costumes dos trabalhadores e habitantes da região, a forma como a empresa gerencia o empreendimento e outros. Sendo assim, um tipo de perda qualquer pode originar uma nova categoria dentro da classificação, em função da sua relevância ou da frequência com que ocorrem nas obras de uma determinada localidade ou país.

A seguir, na tabela 1, são apresentados exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem.

Tabela 1 – Exemplos de Perdas Segundo sua Natureza, Momento de Incidência e Origem (adaptada de SEBRAE, 1996).

Natureza
Exemplo
Momento de
Incidência
Origem
Superprodução
Produção de argamassa em quantidade superior à necessária para um dia de trabalho.
Produção
Planejamento: falta de procedimentos de controle.
Manutenção de Estoques
Deterioração da argamassa estocada.
Armazenamento
Planejamento: falta de procedimentos referentes às condições adequadas de
armazenamento.
Transporte
Condições inadequadas para
transporte.
Recebimento, transporte,
produção
Gerência da obra: falha no planejamento de meios para
executar o transporte de materiais.
Movimentos
Tempo excessivo de
deslocamento devido às
grandes distâncias entre os
postos de trabalho.
Produção
Gerência da obra: falta de planejamento das sequências
de atividades e dos postos de
trabalho.
Espera
Parada na execução dos
serviços por falta de material.
Produção
Suprimentos: falha na
programação de compras.
Fabricação de Produtos
Defeituosos
Espessura de lajes e vigas diferentes das especificadas em projeto.
Produção, inspeção
Projeto: falhas no sistema de fôrmas utilizado.
Processamento em si
Necessidade de quebrar uma
laje depois de pronta para
passagem de instalações.
Produção
Planejamento: falhas no
sistema de controles.
Recursos humanos: falta de
treinamento dos funcionários.
Substituição
Substituição do acabamento
em pintura especificado em
projeto por acabamento em
pastilha cerâmica
Produção
Suprimentos: falha na
programação de compras.
Planejamento: falhas no
sistema de controles.

TABELA FORMATADA POR - Frank e Sustentabilidade


Perdas x Geração de Resíduos

Com base na classificação, pode-se dividir as perdas em dois tipos: as que englobam os desperdícios de materiais e as que englobam a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

No primeiro grupo estão as perdas responsáveis pela geração de resíduos e, de acordo com a classificação estabelecida no item Classificação das Perdas, estas perdas seriam:

• perdas por superprodução;

• perdas por manutenção de estoques;

• perdas por transporte;

• perdas por fabricação de produtos defeituosos; e

• perdas no processamento em si.

Os outros tipos de perdas (perdas nos movimentos e perdas por espera), apesar de não serem responsáveis por gerarem resíduos devem ser cuidadas para serem eliminadas, pois geram desperdícios de tempo, além de perdas financeiras.

Na indústria da construção civil alguns fatores contribuem negativamente para o aumento no volume de resíduos gerados. É uma indústria antiga, na qual, diferentemente de outros ramos industriais, as máquinas foram inseridas em pequena escala, o trabalho manual é a base da atividade produtiva e o trabalho se organiza em torno de especializações. Além desses agravantes, Meseguer (1991) ainda destaca algumas outras peculiaridades:

• cada produto é único e normalmente não seriado;

• o produto é fixo e os operários são móveis, ao contrário da produção seriada, dificultando a organização e controle; e

• trata-se de uma indústria muito tradicional, que apresenta muita inércia às alterações;

Por todas estas especificidades nota-se o grande problema vivido pela indústria da construção no tocante às perdas e geração de resíduos. Assim, no capítulo a seguir, serão apresentadas algumas diretrizes para gerenciar os resíduos de construção.
Fonte do texto:fieb.org.br/Adm/Conteudo/uploads/Livro-Gestão-de-Resíduos

01 junho 2017

PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Entendendo o Conceito de Perdas

O setor da construção civil está passando por um processo de reestruturação. Os recursos financeiros são cada vez menores, o mercado consumidor está cada vez mais exigente, os trabalhadores, por sua vez, têm buscado melhores condições de trabalho. Todos estes fatores têm exigido uma nova postura das empresas. Estas estão sendo obrigadas a adotar estratégias empresariais mais modernas, focadas na qualidade, na racionalização e na produtividade, possibilitando a obtenção de um produto final de melhor qualidade e mais barato (COSTA; FORMOSO,1998).


O DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Diante deste contexto, as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios.

De acordo com Formoso et al (1996) perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da edificação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor.

Para Jaques (1998) apud John (2000) as perdas têm origens nas mais diversas etapas do ciclo de vida do edifício.

Desde a fase de projeto, uma decisão equivocada pode ser responsável por desperdícios ou por gastos com retrabalho. Porém, é na fase de execução onde acontece a parcela mais visível das perdas, pois todas as decisões tomadas na fase anterior ganham dimensão física.

Uma pesquisa desenvolvida no Brasil que contou com a participação de 18 (dezoito) Universidades e 52 (cinquenta e duas) empresas mostrou como um de seus principais resultados que as variações na perda chegaram a ordem de 100 vezes. Em alguns casos estas variações aconteceram entre diferentes empresas e em outros, entre canteiros de uma mesma empresa. Essas variações revelam que é possível reduzir enormemente as perdas sem mudança na tecnologia utilizada (AGOPYAN, et al., 1998).

Para que as perdas sejam eliminadas é preciso que as empresas saibam diferenciar, dentre as várias atividades que fazem parte do processo produtivo, as que efetivamente contribuem para a obtenção do produto final daquelas que são complementares (que têm possibilidade de serem melhoradas ou eliminadas sem o prejuízo do processo).

Os esforços direcionados para evitar as perdas devem ser relacionados com certa cautela, pois algumas atividades tais como planejamento, contabilidade e prevenção de acidentes, não agregam valor ao produto, porém produzem valor para os clientes internos.

Apesar das várias definições encontradas para perdas nas bibliografias, neste material será adotada a seguinte definição:


PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Para Ohno (1988) é necessário dividir o movimento dos trabalhadores nas suas atividades em duas diferentes dimensões: a do trabalho e a das perdas. O trabalho constitui-se do trabalho real, necessário nas empresas, e pode ser dividido em dois tipos:


• o que adiciona valor (ou efetivo) g corresponde à ocorrência de algum tipo de processamento, ou seja, transformação de matéria-prima ou partes em produtos; e

• o que não adiciona valor (ou adicional) g é necessário para viabilizar o trabalho que adiciona valor. Este não deve ser confundido com perda, embora deva ser minimizado como se fosse, pois também gera custos.

A figura a seguir, adaptada de Ohno (1988), ajuda a compreender a concepção de trabalho, na qual parte dos movimentos dos trabalhadores é considerada como perda.



Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas (adaptado de OHNO, 1988)
Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas (adaptado de OHNO, 1988)



 Divisão dos Movimentos dos Trabalhadores: Trabalho e Perdas (adaptado de OHNO, 1988)

Similarmente à classificação de Ohno, Fritz Gehbauer no seu livro Racionalização na Construção Civil: como melhorar processos de produção e de gestão apresenta uma metodologia, baseada na simples observação aleatória dos trabalhadores no canteiro, para medir o grau de efetividade dos trabalhos em operação. O modo como realizar esta observação será descrita nas postagens que será feita a frente desta, no item Formulários para Aplicação da Metodologia.

Apesar da importância das perdas relacionadas aos movimentos dos trabalhadores, neste trabalho será dado mais destaque às perdas de material que, como comentado anteriormente, podem estar incorporadas ou serem eliminadas como resíduos.

As perdas incorporadas são muito comuns nas atividades moldadas “in loco” quando são utilizadas quantidades de materiais superiores à teoricamente prevista. Como exemplo deste tipo de perda pode-se citar um revestimento interno de parede com argamassa que estava previsto ser realizado com 1 cm e ao término do serviço alcançou mais de 3 cm (Figura). Neste caso, por exemplo, tem-se uma perda incorporada superior a 200%.


Perda Incorporada.
Perda Incorporada.
  
Tendo como base estudos em diversas obras 8, pode-se citar como outro exemplo que as perdas de argamassa no serviço de revestimento interno de paredes podem chegar aos seguintes indicadores percentuais:

PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


           Nas próximas postagens virão a classificação das perdas

Classificação das Perdas

Levando em consideração a necessidade de se ter uma classificação de perdas melhor estruturada, dentre as várias sugeridas por diversos outros autores, as perdas ficaram definidas e classificadas da seguinte maneira:
• perdas por superprodução;
• perdas por manutenção de estoques;
• perdas por transporte;
• perdas no movimento;
• perdas por espera;
• perdas por fabricação de produtos defeituosos;
• perdas no processamento em si;
• perdas por substituição; e

• outras perdas.
Fonte do texto:fieb.org.br/Adm/Conteudo/uploads/Livro-Gestão-de-Resíduos